
Meta e TikTok: Estratégia ou Coincidência? A Ascensão do TikTok Pode Ter Ajudado a Meta no Caso Antitruste da FTC
Nos últimos anos, o cenário das redes sociais passou por transformações profundas, e dois nomes sempre estão no centro das discussões: Meta e TikTok. Enquanto a Meta (controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp) enfrenta um processo antitruste da FTC (Comissão Federal de Comércio dos EUA) por supostas práticas anticoncorrenciais, surge uma teoria curiosa — e cada vez mais plausível: a Meta teria permitido que o TikTok crescesse deliberadamente nos EUA como uma forma de enfraquecer as acusações da FTC.
Pode parecer uma estratégia arriscada, mas diante do risco de desmembramento da empresa por determinação judicial, a tática de usar o TikTok como prova de que há, sim, concorrência no mercado de redes sociais parece fazer sentido.
Neste artigo, vamos analisar em profundidade o contexto dessa questão, o histórico das ações da Meta, a ascensão meteórica do TikTok, e por que tudo isso importa — especialmente no momento em que o caso antitruste chega aos tribunais federais dos EUA.
Tópicos do Artigo:
O Caso Antitruste Contra a Meta: O Que Está em Jogo

Em 2020, a FTC abriu um processo antitruste contra a Meta, acusando a empresa de manter um monopólio ilegal no mercado de redes sociais. A base da acusação está em um padrão de comportamento anticompetitivo, como a compra de rivais emergentes — caso do Instagram (2012) e WhatsApp (2014) — e a cópia sistemática de recursos de plataformas menores, como o Snapchat, cujo formato de Stories foi replicado com sucesso.
Segundo a FTC, essas ações tiveram como objetivo eliminar concorrentes e manter o domínio absoluto da Meta no ecossistema digital, especialmente no mercado de anúncios sociais e plataformas de engajamento.
A consequência mais severa desse processo seria a divisão forçada da empresa, obrigando-a a se desfazer do Instagram e do WhatsApp — um impacto monumental tanto para a estrutura da Meta quanto para o cenário global da tecnologia.
Zuckerberg e a Ameaça do TikTok: De Crítico a Silencioso
Antes do TikTok se tornar o gigante global que é hoje, Mark Zuckerberg — CEO da Meta — estava entre os mais vocais críticos da plataforma chinesa.
Em 2019, Zuckerberg participou de uma reunião privada com o então presidente dos EUA, Donald Trump, na qual discutiu os riscos do TikTok, incluindo censura, vigilância e influência do Partido Comunista Chinês sobre os dados e conteúdos exibidos no app.
Na mesma época, em um discurso na Universidade de Georgetown, o CEO declarou:
No TikTok, o aplicativo chinês que cresce rapidamente em todo o mundo, as menções a protestos são censuradas, mesmo nos EUA. É essa a internet que queremos?
Pouco tempo depois dessas declarações, o governo Trump iniciou uma investigação de segurança nacional sobre a ByteDance, empresa controladora do TikTok, e sua aquisição do Musical.ly, plataforma que deu origem ao TikTok.
Zuckerberg, então, era claramente contra a expansão do TikTok e, em certa medida, incentivava a pressão governamental para sua remoção do mercado norte-americano.
A Virada de Estratégia em 2020: Silêncio Estratégico da Meta
Tudo mudou em 2020.
No mesmo período em que o TikTok se consolidava como um fenômeno entre os jovens e a pandemia aumentava o consumo de vídeos curtos, a FTC iniciava sua ação contra a Meta. A empresa passou de um comportamento de confronto contra o TikTok para uma postura visivelmente mais cautelosa.
Deixou-se de ver declarações inflamadas de Zuckerberg contra a plataforma chinesa. A crítica intensa foi substituída por silêncio estratégico.
E aí surge a dúvida: isso foi uma coincidência ou parte de uma manobra jurídica mais complexa?
TikTok como Peça-Chave da Defesa da Meta

A lógica é simples: para se defender de uma acusação de monopólio, a Meta precisa mostrar que há competição real no mercado de redes sociais. E não há melhor exemplo atual do que o TikTok.
O aplicativo não só atraiu bilhões de visualizações como também roubou usuários ativos, tempo de tela e investimentos publicitários da Meta. Hoje, o TikTok é uma das maiores plataformas de conteúdo social do mundo — e sua presença serve como argumento direto contra a alegação de monopólio.
Como declarou o porta-voz da Meta, Andy Stone, recentemente:
A FTC abriu esse processo quando o TikTok ainda não era um concorrente direto. Hoje, sua ascensão demonstra que o mercado é dinâmico e competitivo.
Ou seja, quanto mais forte for o TikTok, mais enfraquecido fica o argumento da FTC de que a Meta atua sozinha e sem concorrência.
E Se a Meta Tivesse Conseguido Barrar o TikTok?
Se o TikTok tivesse sido banido dos EUA em 2019 ou 2020, como Zuckerberg inicialmente parecia desejar, a Meta enfrentaria hoje uma situação muito mais difícil em sua defesa.
Sem o TikTok como rival significativo, a FTC teria um caso ainda mais sólido, apontando que a Meta não só adquiriu concorrentes como impediu o surgimento de outros. Isso alimentaria a narrativa de monopólio por design, o que fortaleceria o pedido de desmembramento.
Dessa forma, deixar o TikTok crescer — mesmo representando uma ameaça de mercado — pode ter sido uma aposta estratégica para a sobrevivência institucional da Meta.
A Meta Tentou Comprar o Musical.ly?
Outro elemento importante desse enredo é o fato de que, antes da ByteDance adquirir o Musical.ly, a Meta também considerou fazer uma oferta pela plataforma.
Isso sugere que a empresa já via o potencial disruptivo do formato de vídeos curtos com apelo musical — e, mais uma vez, pensou em neutralizar a ameaça por meio de aquisição.
Esse padrão reforça o argumento da FTC de que a Meta atua de forma sistemática para eliminar qualquer concorrente antes que ele cresça.
Mas, ironicamente, foi justamente o crescimento desimpedido do TikTok que hoje pode salvar a Meta de uma penalidade histórica.
Como o TikTok Mudou o Jogo de Forma Irreversível

Desde 2020, o TikTok mudou a forma como consumimos conteúdo online. Com um algoritmo extremamente eficaz em recomendar vídeos, a plataforma se tornou o padrão de ouro em retenção de atenção e viralização.
Como resposta, a Meta implementou os Reels no Instagram e Facebook, claramente inspirados no TikTok, além de ajustar seu feed principal para priorizar vídeos recomendados por IA.
O TikTok não apenas se tornou uma ameaça — ele forçou a transformação da própria Meta.
E Agora? Qual o Impacto Dessa Estratégia no Caso Antitruste?
A defesa da Meta está centrada em provar que o ambiente digital é competitivo e em constante evolução. Com TikTok, YouTube Shorts e até Kwai disputando atenção e investimentos, o argumento de monopólio perde força.
No entanto, isso não significa que a FTC desistirá facilmente.
A Comissão ainda pode argumentar que a Meta tentou sim eliminar ou impedir concorrentes antes — e que, mesmo com a ascensão do TikTok, o padrão de comportamento continua sendo anticompetitivo.
A decisão da Justiça será complexa e pode estabelecer precedentes cruciais sobre como gigantes da tecnologia devem se comportar diante de concorrência e inovação.
Conclusão: Estratégia Calculada ou Risco Necessário?
A hipótese de que a Meta tenha deliberadamente reduzido sua oposição ao TikTok para usar a plataforma como peça de defesa no processo antitruste é fascinante — e, segundo os fatos, bastante plausível.
Se for verdade, trata-se de uma das manobras estratégicas mais ousadas do Vale do Silício: permitir que um concorrente cresça apenas para proteger a integridade de um império corporativo.
De um lado, a Meta continua sendo acusada de práticas anticoncorrenciais. De outro, o TikTok hoje representa o maior desafio já enfrentado pela empresa no mercado de redes sociais — e, ironicamente, sua melhor defesa.
Enquanto o processo segue nos tribunais, o futuro da Meta — e talvez de todo o ecossistema digital — está em jogo. A pergunta que permanece é: até que ponto as grandes empresas de tecnologia estão dispostas a ir para manter seu poder?
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