
X em transição: como a liderança de Elon Musk transformou o aplicativo em um reduto conservador
Desde que Elon Musk assumiu o controle do antigo Twitter — agora chamado X — as transformações na plataforma não se limitaram apenas a mudanças técnicas, de nomenclatura ou monetização. Na verdade, uma das mudanças mais significativas foi a guinada política que o X deu em direção à direita, reposicionando-se no espectro ideológico e impactando profundamente a experiência dos usuários, o perfil da audiência e a percepção pública da rede.
Em 2025, novos dados revelados por pesquisas recentes mostram que o aplicativo perdeu boa parte de seu equilíbrio político, promovendo uma inclinação conservadora que vem gerando rupturas na base de usuários, alterações no engajamento e reflexos importantes em sua relevância social e comercial.
Este artigo analisa, com base em insights atualizados, como Elon Musk transformou o X em um espaço mais alinhado à direita, quais os impactos disso na dinâmica da plataforma e o que podemos esperar para o futuro dessa mudança de eixo político.
Tópicos do Artigo:
O início da mudança: promessas de equilíbrio que não se concretizaram

Quando Elon Musk comprou o Twitter em 2022, uma das principais promessas era tornar o espaço mais democrático, onde diferentes vozes — sejam progressistas ou conservadoras — pudessem se expressar sem censura. Musk, defensor radical da liberdade de expressão, declarou que sua missão era restaurar o equilíbrio em uma plataforma que, segundo ele, favorecia majoritariamente pautas de esquerda.
Contudo, o discurso de neutralidade começou a ser questionado ainda no primeiro ano de sua gestão, quando o novo proprietário passou a compartilhar frequentemente opiniões políticas alinhadas com figuras do Partido Republicano, além de restaurar contas banidas por disseminação de desinformação e suspensões relacionadas a discursos de ódio.
Essas atitudes, embora celebradas por uma parte da base conservadora, foram vistas por muitos como uma legitimação de vozes extremistas, iniciando uma crise de confiança especialmente entre os usuários com visão progressista.
A guinada conservadora em números: o que dizem os dados da Pew Research
Uma pesquisa recente realizada pela Pew Research Center evidenciou de forma contundente a percepção de que o X se tornou um ambiente mais favorável a pautas conservadoras. Os dados mostram que 51% dos usuários que se identificam como republicanos descrevem sua experiência no aplicativo como positiva, contra apenas 20% dos usuários democratas.
Ainda segundo a pesquisa, 31% dos usuários da plataforma acreditam que o X passou a promover visões conservadoras em detrimento de perspectivas liberais, reforçando a impressão de que a mudança editorial é real e tangível.
Os resultados demonstram não apenas uma mudança no comportamento dos usuários, mas um reposicionamento institucional do X, agora interpretado por muitos como uma rede com viés político assumido.
Comparação com pesquisas anteriores
Ao comparar os dados atuais com pesquisas anteriores da própria Pew, é possível observar uma transformação radical na percepção da plataforma entre os diferentes grupos ideológicos. Em anos anteriores, embora houvesse críticas à moderação e à aplicação seletiva de políticas de conteúdo, a maioria ainda via o Twitter como uma plataforma relativamente neutra.
Hoje, essa neutralidade foi substituída por uma forte sensação de desequilíbrio político, o que pode estar contribuindo para o enfraquecimento do engajamento de determinados segmentos da população.
Elon Musk como agente ativo da polarização
Elon Musk não é um CEO tradicional. Além de comandar grandes corporações, ele é também o usuário mais seguido do X, e frequentemente utiliza sua própria conta para influenciar o discurso público, opinar sobre eleições e até atacar adversários ideológicos.
Sua postura ativa e, muitas vezes, provocadora tem um peso imenso na construção da cultura da plataforma. Quando Musk declara publicamente que teve um papel crucial na vitória eleitoral de Donald Trump, ele está, de fato, reposicionando o X como um ator político e não apenas uma ferramenta social.
O problema disso é que, ao contrário do que ele prometeu em sua aquisição, Musk não apenas deixou de neutralizar o viés político da plataforma como passou a exercer influência direta na construção dessa nova identidade ideológica.
Impactos da mudança para a direita na base de usuários

A reorientação ideológica do X teve reflexos diretos na composição do público ativo da rede. De um lado, observamos um aumento no engajamento de usuários conservadores, que passaram a utilizar a plataforma como uma alternativa às tradicionais redes sociais consideradas “progressistas”. Por outro, há um êxodo silencioso de usuários progressistas, acadêmicos, jornalistas e personalidades que já foram presença constante no Twitter e agora migraram para ambientes como Mastodon, Threads ou até mesmo o LinkedIn.
A fuga dos anunciantes
Outro efeito colateral da guinada política é a diminuição da atratividade comercial da plataforma. Marcas e agências de publicidade costumam evitar ambientes polarizados, principalmente quando estão associados a discursos radicais ou controvérsias. Após a compra por Musk, o X viu uma queda acentuada na receita publicitária, que já representou mais de 85% de sua receita total.
Muitas empresas optaram por pausar ou encerrar campanhas, temendo danos de reputação por vinculação com conteúdos ou figuras que poderiam afetar sua imagem institucional.
Plataformas alinhadas à direita: um modelo insustentável?
A transformação do X em uma rede mais conservadora levanta uma questão essencial: existe espaço para plataformas políticas no longo prazo? A experiência de redes sociais explicitamente de direita, como Parler e Truth Social, mostra que essas iniciativas têm dificuldades em manter uma base de usuários ampla e ativa.
Embora tenham obtido algum sucesso inicial entre nichos ideológicos específicos, essas redes não conseguiram alcançar a escala necessária para competir com gigantes sociais tradicionais, principalmente por limitarem o escopo das discussões e promoverem um ambiente de homogeneidade de pensamento.
O paradoxo do discurso livre
Um dos principais argumentos utilizados por Musk e seus apoiadores é o de que o X estaria promovendo liberdade de expressão. No entanto, há um paradoxo nesse discurso: quando o “liberalismo de conteúdo” favorece apenas um lado do espectro político, o ambiente se torna, na prática, menos diverso e mais hostil a pensamentos divergentes.
Ou seja, mesmo sob a bandeira da liberdade, a plataforma acabou se tornando um lugar menos receptivo para pluralidade de vozes, criando bolhas ideológicas e aumentando o risco de radicalização.
Comunidades e hábitos: por que o X ainda sobrevive?
Apesar das polêmicas, o X segue com milhões de usuários ativos diariamente e continua sendo a principal fonte de informações em tempo real para muitas pessoas. Isso se deve, em parte, à força das comunidades já estabelecidas, aos comportamentos habituais dos usuários e à relevância histórica da plataforma no noticiário, esportes e cultura.
Redes sociais não desaparecem de um dia para o outro. A maioria das pessoas permanece conectada até que surja uma alternativa clara, estável e com efeito de rede suficiente para justificar a migração. Threads, Bluesky e Mastodon ainda não preencheram completamente esse espaço.
Perspectivas futuras: o pêndulo pode voltar ao centro?

A guinada conservadora promovida por Elon Musk transformou o X em um laboratório político e social que ainda está em fase de experimentação. A pergunta que paira no ar é: será que esse movimento é permanente ou parte de um ciclo que pode se reverter?
Recentemente, Musk voltou a criticar algumas medidas de Donald Trump, o que reacendeu o debate sobre a real intenção política por trás de suas ações. Há analistas que afirmam que Musk atua com pragmatismo — não com ideologia — e que seu comportamento pode mudar conforme os ventos do mercado e da opinião pública.
Se isso for verdade, o X ainda pode voltar a ser uma plataforma mais equilibrada e atraente para diversos públicos. No entanto, o dano à sua imagem já está consolidado e a reversão da percepção pública exigirá mais do que declarações eventuais.
Considerações finais: o futuro do X sob a sombra da polarização
O X de Elon Musk representa mais do que uma mudança de nome ou de logotipo. É um novo posicionamento ideológico, uma transformação profunda na natureza da rede social e um caso emblemático de como as plataformas digitais podem ser moldadas pela visão pessoal de seus proprietários.
A guinada à direita provocou reações mistas: celebrou-se a liberdade de expressão por um lado e lamentou-se a perda do equilíbrio político por outro. No meio disso tudo, usuários e marcas precisam avaliar até que ponto vale a pena permanecer em um ambiente cada vez mais polarizado.
A resposta, como sempre, dependerá da evolução do cenário político, das alternativas disponíveis e da capacidade do X de se reinventar — ou se manter firme em sua nova rota.
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